Como anda a comunicação entre equipes na saúde?
A Comunicação Empática, aliada à gentileza, pode ajudar nas interações imprescindíveis e, às vezes delicadas, entre equipes diversas nos ambientes de cuidado com a saúde como consultórios, clínicas e hospitais.
Noélia Prado
5/13/20252 min read
Hoje vou falar sobre algo imprescindível e, por vezes delicado, na área da saúde: as relações entre as equipes. A Comunicação Não-Violenta (CNV) pode ajudar nesse tipo de relacionamento, assim como entre times que realizam atividades diferentes, mas complementares.
Em dezembro de 2024, eu escrevi sobre um Ted Talks que assisti da Christine Porath, autora de “Mastering Civility: a Manifesto for the Workplace" e co-autora de “The Cost of Bad Behavior”. Ela falou sobre a gentileza nos ambientes corporativos.
E, sim, Gentileza e Comunicação Empática têm tudo a ver. Christine verificou, em suas pesquisas, que a falta de gentileza acabou afetando o desempenho e resultados das pessoas no trabalho:
66% reduziram seus esforços;
80% perderam tempo preocupadas com o que aconteceu;
12% deixaram o emprego.
Ela ainda destaca:
"Não sabotar alguém não é o mesmo que incentivar alguém;
A gentileza está até nas pequenas coisas como sorrir ou cumprimentar as pessoas no corredor e prestar atenção quando alguém está falando conosco;
“ Você pode ter opiniões fortes, discordar, entrar em conflitos ou dar feedback negativo de forma gentil, com respeito".
A falta de gentileza afeta emoções, atenção, foco, motivação, desempenho e a forma como nos comunicamos com as pessoas. Imagina, então, as consequências disso em um ambiente de cuidados com a saúde?
O que me leva ao nosso tema. Como as equipes trabalham diariamente umas com as outras? Cada uma no seu “quintal” com a ideia de que “meu trabalho é o mais importante” ou, ainda, “não era isso o que eu queria que fizessem”? Ou o ambiente é de cooperação?
A culpa geralmente está no outro? E a nossa responsabilidade nesse contexto?
Como eu disse em outro texto, a CNV oferece uma oportunidade de transformar as interações, criando um ambiente de confiança e, especialmente, de colaboração. Para os profissionais da saúde, a Comunicação Empática favorece a escuta ativa, um elemento importante para entender as preocupações dos pacientes e as necessidades das equipes, respondendo, de maneira mais eficaz, a várias situações.
Além disso, a forma como nos comunicamos contribui para reduzir os conflitos e minimizar resistências, especialmente em situações delicadas, como discussões sobre mudanças de tratamento ou adesão a recomendações clínicas.
O estresse pode ser causado por falta de comunicação clara e pela pressão constante no ambiente de saúde. A CNV ajuda a promover uma comunicação mais respeitosa e eficiente.
Uma situação hipotética: em um hospital, dois profissionais discutem sobre a melhor abordagem para um paciente que precisa de cuidados urgentes. Em vez de se envolver em uma troca ríspida e que um está “certo" e o outro "errado", um dos profissionais pode dizer:
"Eu vejo que estamos ambos preocupados com o bem-estar do paciente. Podemos juntos revisar o plano de ação para garantir que ele receba o melhor cuidado e avaliar o que cada um de nós pode fazer para isso?"
Isso é melhor do que culpar o outro pela situação. Nós não temos responsabilidade pela forma como o outro vai receber a abordagem, mas temos com a forma como observamos o ambiente, a maneira como nos sentimos, a partir das nossas necessidade assim como com a forma como realizamos o pedido, de forma clara, concreta e autêntica.
A minha dica é: antes de uma interação, reserve um momento para que você tenha o foco na situação. Lembre-se dos princípios da CNV (Observação, Sentimento, Necessidade e Pedido) e da empatia e autenticidade. Isso ajudará a manter a calma e a clareza durante a conversa.
Uma comunicação clara, respeitosa e empática tem um impacto direto na relação diária entre profissionais de saúde e também na satisfação do paciente.
No último texto sobre Comunicação Empática na Saúde, eu falo sobre isso.
Noélia Prado
