Desafios e barreiras na comunicação em saúde

A comunicação na área da saúde tem muitos desafios e entender quais são eles é o primeiro passo para superá-los. A Comunicação Não-Violenta (CNV), ou Comunicação Empática, cria um espaço seguro para que o paciente se sinta ouvido e compreendido.

Vamos a um exemplo hipotético:

Um profissional atende um paciente ansioso, com sintomas vagos e sem um diagnóstico claro. Em vez de apenas dizer que exames serão necessários e apressar o processo, ele pode dizer:

"Eu quero entender melhor os seus sintomas para poder ajudá-lo. Percebo que está preocupado e isso está deixando você muito ansioso. Acredito que você precisa de um acompanhamento mais detalhado, para que possamos avaliar o que está acontecendo. Gostaria de pedir sua colaboração para realizar alguns exames e discutirmos os resultados com calma”.

Os pacientes, na maioria das vezes, estão lidando com emoções intensas, como medo ou frustração, que podem ser mal interpretadas pelos profissionais. A forma de se comunicar permite que médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos, e outros profissionais de saúde, validem esses sentimentos e transformem a comunicação em uma troca construtiva.

Outro exemplo: durante uma consulta, um médico presume que sua paciente entendeu as instruções sobre o uso de um medicamento, mas não confirma se ela compreendeu adequadamente. Ele pode dizer:

"Eu gostaria de garantir se eu fui claro com as minhas orientações e se você compreendeu como tomar a medicação corretamente. Você poderia me explicar o que entendeu, para que possamos ajustar qualquer dúvida?"

O grande problema na comunicação na saúde muitas vezes reside em mal-entendidos e suposições.

Os equívocos mais comuns são:

1 - Falta de Clareza
Muitas vezes, as instruções são dadas de forma complexa ou técnica demais, o que pode confundir os pacientes. Usar uma linguagem clara e acessível à realidade do paciente é essencial para garantir que a mensagem seja compreendida.

2 - Suposições
Presumir que o paciente entendeu ou que está confortável em expressar dúvidas pode levar a mal-entendidos.

3- Falta de Empatia
Não considerar o estado emocional do paciente, ou familiar, pode criar barreiras na comunicação. Quando o paciente se sente ouvido e compreendido, a experiência no atendimento melhora e, consequentemente, a satisfação também.

Menos estresse, mais colaboração: a comunicação entre equipes.
Os desafios na área da saúde não se limitam apenas à comunicação com pacientes.
A relação entre colegas nem sempre é fluida.

O estresse pode ser causado por falta de comunicação clara e pela pressão constante no ambiente de saúde. A CNV ajuda a promover uma comunicação mais respeitosa e eficiente.

Antes de uma interação com colegas, reserve um momento para que você tenha o foco na situação. Lembre-se dos princípios da CNV (Observação, Sentimento, Necessidade e Pedido) e da empatia e autenticidade. Isso ajudará a manter a calma e a clareza durante a conversa.

Há várias formas de se trabalhar no aprimoramento da comunicação. Vou citar alguns pontos que os profissionais de saúde podem prestar atenção para melhor interação com colegas e pacientes.

• Durante a conversa, pratique a escuta ativa. Isso significa prestar atenção total ao que o outro está dizendo, sem interromper ou julgar. Não se distraia olhando para o celular ou fazendo outras atividades. Faça perguntas abertas para incentivar o diálogo.

• Use uma linguagem clara e direta para expressar seus sentimentos e necessidades. Evite jargões técnicos que possam confundir o membro da equipe multidisciplinar. Utilize exemplos concretos para ilustrar seus pontos.

• Após a interação, peça feedback sobre a clareza da comunicação. Use isso para ajustar suas práticas, conforme necessário.
  

Convido você a continuar explorando e praticando a CNV em sua jornada profissional. Se tiver dúvidas ou se quiser aprofundar no tema, estou à disposição para avançarmos nas discussões e aprendizados.

A CNV tem o poder de transformar não apenas nossas interações profissionais, mas também nossa vida pessoal, promovendo uma comunicação mais satisfatória em vários aspectos.

Noélia Prado