O silêncio também comunica
Há um ponto fundamental nos relacionamentos profissionais que nem sempre é levado em conta. A pergunta é: como está a qualidade da minha comunicação com meus pares e minhas lideranças?
Noélia Prado
7/5/20252 min read
No processo de desenvolvimento de uma liderança empática, muitos gestores iniciam seu percurso na Comunicação Não-Violenta (CNV), ou Comunicação Empática, focando na escuta das próprias equipes. E, claro, esse é um passo muito importante para resultados, produtividade e um ambiente colaborativo.
Mas, há um ponto fundamental nos relacionamentos profissionais que nem sempre é levado em conta. A pergunta é: como está a qualidade da minha comunicação com meus pares e minhas lideranças?
Vou ilustrar a importância disso com um caso real:
Uma liderança vinha sendo descredibilizada por uma pessoa de mesmo nível hierárquico por meio de comentários vagos, sugerindo dúvidas sobre decisões tomadas, mesmo com bons resultados sendo apresentados. Não cabe aqui discorrer sobre as intenções dessa pessoa ao agir de tal maneira. Mas, esse comportamento foi, aos poucos, minando a relação da referida liderança diante da diretoria.
Ela acreditou que, mesmo vendo o que estava acontecendo, não seria necessário “se defender”, ou “rebater fofoca”, supondo que, devido ao trabalho apresentado, o movimento dessa pessoa não teria efeito. Preferiu o silêncio.
Mas o silêncio também comunica.
Ao não praticar os componentes da CNV (Observação, Sentimentos, Necessidades e Pedido) com a sua própria liderança, a situação ficou muito incômoda e o trabalho ficou prejudicado. Não por falta de competência, comprometimento ou entrega, mas por ausência de presença relacional.
Na prática, aquela liderança fez um uso parcial da CNV: cuidou da escuta da equipe, mas não da escuta de si mesma, das suas necessidades e sentimentos.
A Comunicação Não-Violenta é uma prática transversal
Ela não se limita a humanizar as relações com a equipe. Ela nos chama a colocar consciência em todos os espaços em que estamos. E isso inclui conversas difíceis com diretoria, alinhamentos com colegas ambíguos, e o posicionamento firme, sem recorrer à acusação ou ao silêncio defensivo.
5 lembretes para quem está praticando CNV na liderança:
A autoconexão vem antes de qualquer conversa.
Não deixe espaços em branco. Se você não compartilha sua perspectiva com clareza, alguém pode preenchê-la com narrativas próprias.
Líder também precisa de empatia. Reconheça suas necessidades e as comunique sem culpa.
Pares não são ameaças. São espelhos. Invista tempo para conhecer seus colegas. Quando há vínculo, há menos espaço para jogos de bastidores.
A Comunicação Empática não pede silêncio: ela propõe uma expressão consciente. Firmeza não é violência. Transparência não é confronto. É possível dizer o que precisa ser dito com respeito e, ainda assim, manter-se conectado aos valores da empatia.
Na medida em que evoluímos como líderes conscientes, precisamos abandonar a ideia de que empatia é ferramenta de apaziguamento.
Na comunicação, empatia é presença até nas conversas que mais nos desafiam.
Se você é gestor(a), convido à seguinte reflexão:
Com quem você ainda está se omitindo, mesmo com boas intenções?
A comunicação que transforma não é seletiva. Ela é coerente. E, como toda boa liderança, começa dentro.
